2.3.2 - A família e o desenvolvimento do adulto

 

A família, que é uma das instituições mais antigas da sociedade, tem em seu contexto factores relevantes dirigidos a cada membro deste grupo. Os pais exercem grande papel dentro da família, pois é através deles que a criança dá inicio a seu contacto social em nossa cultura. É na família que a criança forma suas primeira ligações afectivas e encontra seus modelos. Porém, mesmo com todas as mudanças, a família não perdeu seu papel representativo para a manutenção da espécie humana. No âmbito da família moderna e contemporânea passou-se, através da história, cada vez mais se admitir que a criança não estava madura para a vida, e que é preciso submetê-la a um regime especial, o que chamamos hoje de educação, como condição para que se integre ao mundo adulto, com isso a família retirou da vida comum não apenas as crianças, mas uma grande parte do tempo e da preocupação dos adultos, isso corresponde a uma necessidade de intimidade, e também de identidade, cujos membros da família unem-se pelos afectos, costumes e géneros de vida. A concretização familiar como grupo social se dá a partir do surgimento de novas gerações, onde são depositadas imagens da criança mesmo antes do nascer, coisas como, expectativas, desejos e idealizações para a continuação cultural.

A família depende, em grande parte, de sua organização social, política e económica para exercer suas funções, sendo esta a instituição responsável pela integração da criança no mundo adulto. Para tanto, deve promover a socialização infantil, na qual a criança aprende a desenvolver seus valores e a canalizar seus afectos, avaliando e seleccionando suas relações.

É no grupo familiar que se inaugura no desenvolvimento psicológico e o sentimento de aceitação social, sendo nesse âmbito que a criança tem suas primeiras e mais importantes relações. Tais relações preparam não só o relacionamento com outras pessoas, mas também a evolução de sua personalidade, o que realmente torna-se necessário para todas as crianças. É a família que, em nossa cultura, dá a criança o suporte para enfrentar dificuldades, o que torna necessário seu entendimento e a aceitação para trabalhar essa possível dificuldade.

Todos os pais sonham com o futuro de seus filhos, criam expectativas, idealizam e fazem projectos em cima de suas fantasias. Então, ao deparar-se com algo que foge a realização desses projectos, tende ver frustradas suas expectativas. A partir disso, a família presencia fatos que se opõem ao conceito tradicional de família, passando, por vezes, momentos de discórdia e de confusão. Os membros individuais de uma família raramente experimentam-se como parte integrante da mesma. Em geral, o ser humano considera-se como unidade - o indivíduo - ,ou seja, um todo interagindo com outras unidades que influencia e é influenciado. No entanto, tais indivíduos são susceptíveis às mudança que provem de sua própria dinâmica familiar. Essas mudanças parecem ser comuns ao longo do tempo, no entanto, nesse momento ao falar de mudança leva à ideia de algo inesperado que permeia a família, ou seja, conflitos sociais e emocionais em um de seus membros, o que pode tornar-se um evento desequilibrante dentro do contexto familiar.

Há, nessas situações o grande risco do desenvolvimento de sentimentos de culpabilidade por parte dos pais, os quais acham que fizeram algo “errado” e, ao deparar-se com uma situação diferente de tudo que fora sonhado, confrontam-se também com uma perda de identidade social. Os irmãos também desempenham um papel importante na vida de cada indivíduo, pois a convivência e os valores que detém estes, acabam por tomar parte das primeiras relações sociais e os afectos que nos constituem. O ajuste do irmão e o comportamento positivo estariam relacionados ao fato de os irmãos estarem informados das necessidades e potencialidades, assim absorvendo conhecimentos que trarão como consequências comportamentos para a ajuda nas tomadas de decisões. Dentro destes aspectos, podemos apontar o fato da influência dos pais que se tornam ponto de partida para a futura relação fraterna entre os filhos. Nesse sentido, o esclarecimento da situação para todos os membros da família torna-se uma demanda crucial para uma melhor discriminação entre os papéis exercidos pelos filhos dentro da família

É nesse contexto que a intervenção psicológica pode ser identificada como um recurso viável para promoção de melhores condições e qualidade de vida da família. No entanto procura-se avaliar cada integrante da família e a importância imposta a cada um desses membros, que seriam: pais e irmãos.

As variadas técnicas psicológicas podem ser de grande eficácia, para que a família passe a ter outra visualização das dificuldades, mantendo-se assim emocionalmente equilibrada, aprendendo a lidar com suas angústias e tristezas, o que facilita o bom desenvolvimento da criança ou qualquer um de seus membros.

A teia familiar, para a psicologia, se apresenta com toda a sua complexidade, expressando assim, uma identidade, onde o terapeuta vislumbrará o todo e não a soma das partes identificadas pelos indivíduos que a inserem. A psicologia tem, em todos esses aspectos, uma forma benéfica de ligar o desenvolvimento da criança dentro dos aspectos da família e o que isso repercute para a criança, estando atenta aos factores emocionais e cognitivos que envolvem toda a dinâmica familiar.